Na última semana, a taxa Selic, que é a principal taxa para juros no Brasil, encerrou o ano em 12,25% ao ano, marcando um período de ajustes na política monetária para conter a inflação e estabilizar a economia do país. Com isso, o Brasil apresenta um patamar elevado, na qual, investidores, empresários e consumidores enfrentam desafios e oportunidades que impactam diretamente suas decisões financeiras.

Neste artigo, vamos explorar o cenário econômico atual, as projeções para a Selic no início de 2025 e como essa taxa pode influenciar o crédito, os investimentos e o crescimento econômico no país. Além disso, iremos comentar sobre a mudança de presidência no Banco Central para 2025 e como isso interfere na taxa.
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1. Contexto Econômico Atual
Com o final do ano chegando, podemos dizer que ele termina muito diferente do que o mercado financeiro projetava. Acreditava-se no início do ano com uma queda na taxa selic para casa dos 10%, porém, a taxa básica brasileira terminará o ano a 12,25% ao ano. O Brasil enfrenta dificuldades para trazer a inflação para o centro da meta, que permanece acima dos 3% desejados. Questões como volatilidade cambial e aumento de preços de alimentos e energia têm pressionado os índices inflacionários.
Na última quarta-feira (11), em decisão unânime, na última reunião presidida por Roberto Campos Neto decidiu elevar a Selic em 1 ponto percentual. Além disso, existe uma expectativa para que ocorram mais duas altas de 1 ponto percentual, ou seja, fazendo com que a taxa Selic chegue em 14,25% mesmo com a mudança de presidente no Banco Central.
Isso também pode se justificar pelas incertezas fiscais do Brasil, como a implementação do novo arcabouço fiscal e o controle dos gastos públicos. A falta de equilíbrio nas contas do governo pode dificultar o trabalho do Banco Central em conter as expectativas de inflação, forçando a Selic a permanecer elevada
2. Gabriel Galípolo novo Presidente do Banco Central
No dia 1º de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), irá assumir o cargo de presidente do BC. A indicação foi feita pelo presidente Lula, e sua aprovação contou com um amplo apoio no Senado: 66 votos favoráveis contra apenas 5 contrários.
Galípolo é conhecido por suas posições favoráveis à integração econômica regional, incluindo propostas para a criação de uma moeda digital comum para facilitar o comércio na América do Sul. Seu estilo de liderança e decisões futuras no BC podem indicar mudanças na condução da política monetária, além disso, devemos considerar sua proximidade com o governo atual. Em sua história de relação com o governo Lula, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda sob o comando de Fernando Haddad.
Durante sua atuação no Ministério da Fazenda, Galípolo destacou-se por buscar alinhamento entre política fiscal e monetária, propôs iniciativas como maior integração regional econômica e uma moeda digital comum para a América do Sul. Sua abordagem prática e diplomática tem sido elogiada como uma ponte entre o governo e o mercado financeiro.
3. Motivos para Selic continuar alta
O BC, ao aumentar as taxas, busca conter pressões inflacionárias que podem comprometer o poder de compra das famílias e a previsibilidade econômica. Como motivos, podemos destacar que com uma Selic mais alta é usada como ferramenta para frear a demanda na economia, reduzindo a pressão sobre os preços. Atualmente, a inflação brasileira está persistentemente acima do objetivo central da meta, o que justifica uma postura monetária restritiva. Além disso, o descompasso fiscal, com aumento de gastos públicos, e a volatilidade no câmbio são fatores que ampliam as incertezas. Isso exige juros mais elevados para atrair capital estrangeiro e sustentar a moeda brasileira.
Embora a Selic esteja elevada, analistas preveem que, à medida que a inflação ceder e o cenário fiscal se estabilizar, o Banco Central poderá começar a reduzir os juros gradualmente. No entanto, cortes mais agressivos podem ser adiados caso surjam novos riscos, como deterioração fiscal ou choques externos.
4. Expectativas para 2025
Como comentado anteriormente, acreditasse em uma elevação de 2 pontos na taxa Selic, podendo chegar em 15% em algum momento no ano de 2025. O BC, por meio do Boletim Focus, indicou que o mercado revisou a Selic para cima nas últimas semanas. Pressões inflacionárias e ajustes nas expectativas de crescimento econômico e câmbio do país causaram isso.
As previsões refletem na preocupação com uma inflação persistentemente acima da meta e a desvalorização do cenário fiscal do Brasil. Analistas projetam que a Selic deverá permanecer em níveis elevados durante 2025 e que cortes mais significativos só ocorreriam no final do ano. Isso vai depender do avanço no controle inflacionário e de medidas fiscais mais robustas.
Com isso, os dados sugerem que investidores e tomadores de crédito devem se preparar para um cenário de custos financeiros ainda elevados em 2025. O destaque vai ficar, especialmente, em relação a financiamentos e aplicações de renda fixa.